De acordo com Muss (1969), Pfromm (1968) e Nerici (1967), a palavra adolescência é derivada do verbo latino adolescere, que significa crescer, desenvolver-se, tornar-se jovem. Segundo Nerici (1967), apesar do processo de crescimento dar-se desde o nascimento, há uma fase que chama a atenção, devido à intensidade com que as modificações nela ocorrem, que é a adolescência.
O primeiro grande salto para a vida é o nascimento. O segundo é a adolescência.
Com este novo impulso, outra vez, um mundo se descortina. Agora, não mais aquele espaço físico inicial. O objeto de encontro se tornou outro. A busca se retoma num outro rumo. O salto é a direção a si mesmo, como ser individual (Kalina, 1974, p.15).
Kalina (1974) considera a adolescência como um novo nascimento.
A conquista deixa de ser o espaço físico inicial e se torna uma busca em direção a si mesmo, como ser individual. Há um novo desprendimento; em lugar do seio materno, o do núcleo familiar.
Tanto para Debesse (1946), Nerici (1967) e Gallatin (1978) a adolescência é um estágio que ocorre entre a infância e a fase adulta. Para Bee (1996) e Nerici (1967), o início da adolescência é uma época de grandes mudanças e transformações nos aspectos corporais, psicológicos e sociais da vida do jovem, culminando, no final dessa fase, com a consolidação de uma identidade mais definida.
De acordo com Aberastury & Knobel (1981), a adolescência é um período conturbado, crítico e de grandes contradições e atritos e constitui a etapa decisiva de um processo de desprendimento entre o jovem e o seu meio familiar. Segundo o Comitê sobre Adolescência do Grupo para o Adiantamento da Psiquiatria (1994), a adolescência é um fenômeno de desenvolvimento exclusivamente humano, tendo seu início na puberdade. É um processo psicológico social e de maturação (tempo do amadurecimento, com a formação de interesses e atitudes e tomada de decisões).
O critério cronológico que compreende o período da adolescência se diferencia de autor para autor, mas os autores concordam que esse período pode oscilar em função das variações individuais, sociais e culturais.
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Segundo Pfromm (1968) e Nerici (1967) o início da adolescência se dá entre os 10-12 anos e segundo Muss (1969), Bee (1996) e Debesse (1946) entre os 12-13 anos. Tanto para Muss (1969) quanto para Debesse (1946), o início da adolescência ocorre um ou dois anos mais cedo para as moças do que para os rapazes.
O final da adolescência é ainda mais diferenciado entre os autores consultados. Conforme Nerici (1967), ocorre entre os 17-19 anos; segundo Debesse (1946), entre os 18-20 anos; de acordo com Bee (1996), aos 20 anos; conforme Pfromm (1968) entre os 20-21 anos e segundo Muss (1969), entre os 21-22 anos. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (1991), considera-se adolescente a pessoa cuja faixa etária encontra-se entre os 12-18 anos.
O critério fisiológico está relacionado com a puberdade, época de grandes transformações físicas e hormonais. Segundo Muss (1969, p.14):
As palavras "puberdade" e "pubescência" são derivadas e relacionadas com as palavras latinas pubertas, a idade da maioridade e pubescere - "apresentar cabelos ao corpo" - "atingir a puberdade". Ausubel apud Muss (1969), utiliza o termo pubescere mais relacionado às mudanças biológicas e fisiológicas. A pubescere precede 2 anos a puberdade que vem com a maturação sexual, época que o corpo do adolescente encontra-se pronto para a procriação, ocorrendo nas meninas a menstruação e o desenvolvimento dos seios e nos meninos o aumento do pênis e a ejaculação.
Segundo Comitê sobre Adolescência do Grupo para o Adiantamento da Psiquiatria (1994), a puberdade é a base da adolescência e é considerada como um processo essencialmente hormonal, de maturação e crescimento.
Isto quer dizer que o adolescente passa por mudanças físicas e biológicas e seu corpo sofre transformações, alterando-se as suas proporções físicas, sensações corporais e psíquicas e automatismos são movimentos condicionados, involuntários e inconscientes (Nerici, 1967).
Conforme Muss (1969) e Bee (1996), o critério sociológico da adolescência é um período de transição do jovem, no qual a dependência familiar e a identidade infantil começam a ser abandonadas, deixando espaço para se desenvolver uma nova identidade adulta, que está surgindo com a auto-suficiência.
De acordo com Pfromm (1968), a sociedade deixa de encarar o adolescente como criança, mas ainda não lhe confere papéis de adulto, o que lhe cria conflitos.
Segundo Nerici (1967), o jovem passa a se relacionar com pessoas de outros ambientes, além do familiar e escolar, e isso lhe traz estímulos que acabam se desenvolvendo em conflitos de ordem moral, política e religiosa.
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É um período de questionamentos referentes às desigualdades sociais. Conforme Debesse (1946), essa época de conflitos sociais e de oposição à maturidade é denominada de juventude.
É uma fase de confrontação familiar, onde sucumbem os valores consolidados na infância, dando lugar a valores sociais externos, principalmente nos convívios grupais, nos quais é constante a busca de identidades que se alternam entre os diferentes grupos e entre estes e a família.
De acordo com Muss (1969), a adolescência é, psicologicamente, um período de novos ajustamentos, uma situação marginal, na qual novas adaptações, que diferenciam o comportamento infantil do comportamento adulto, devem ser feitas, de acordo com o contexto da sociedade da qual o adolescente participa. Nerici (1967) dá ênfase ao desenvolvimento mental.
Todas as certezas (valores e fatos) que acompanharam a criança até o início da adolescência, nesta fase, são postas em dúvida. É quando se dá o desenvolvimento do espírito crítico, a passagem do pensamento concreto para o abstrato, surgindo, dessa forma, os conflitos interiores.
Portanto, pode-se definir a adolescência como uma fase de transição entre a infância e a fase adulta, na qual o indivíduo fica em estado de desequilíbrio; chegando até, em determinados momentos, a assumir algum nível de psicopatia (Aberastury & Knobel, 1981).
Nesse período ocorrem também complexas transformações biopsicossocial.
Tem seu início, e como base, a puberdade (com as transformações biológicas e físicas são principalmente a maturação sexual) e apresenta no seu desenvolvimento a juventude, com os conflitos psicológicos e sociais.
O final da adolescência geralmente é marcado pelo desenvolvimento de um grau elevado de maturidade nos aspectos biopsicossocial (Aberastury & Knobel, 1981; Bee, 1996; Comitê sobre Adolescência do Grupo para o Adiantamento da Psiquiatria, 1994; Debesse, 1946; Gallatin, 1978; Muss, 1969; Nerici, 1967; Pfromm, 1968).
Com todas as suas crises, a adolescência é considerada um processo normal no desenvolvimento humano. É um período de crescimento em todas as direções: biológica, psicológica e social.
O adolescente quer e sente necessidade de encontrar seu lugar nessa nova vida que se apresenta para ele. Busca estabelecer-se com uma singularidade própria, como pessoa e ter os seus ideais (Kalina, 1974).
Para isso, os grupos de referência são de fundamental importância, tais como os amigos e os pais (Pfromm, 1968).