Neste artigo pretendo abordar o mito de Tristão e Isolda, levando em conta especialmente a idéia de que a paixão precisa de obstáculos para existir.
No cotidiano, temos afirmações do senso comum de que "tudo o que é proibido é mais gostoso" ou "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura", que podem perfeitamente ser aplicadas ao estado de paixão.
Em geral, vemos que a dificuldade em se conquistar o objeto de desejo é reforçadora para que se continue empenhando todas as estratégias possíveis na conquista.
Qual de nós nunca ouviu a clássica história do "quem eu quero não me quer", ou mesmo passou por uma situação como essa? Torna-se óbvio que o fato de não ser correspondido torna o jogo amoroso um desafio mais excitante, no qual o "prêmio" a ser alcançado é o afeto de determinada pessoa, seja a que custo for. Mas porque isso ocorre? Porque a dificuldade se torna tão reforçadora?
Acredito que a explicação para isso pode o quê muitos autores dizem de não poder existir maior obstáculo que a impossibilidade de ter a nosso lado o objeto de paixão.
Talvez seja possível pensar na dificuldade como uma forma de desafio pessoal; a partir do momento em que se percebe impotente frente a algo, é característica da maioria das pessoas lutar para reverter a situação e provar sua capacidade, muitas vezes com o intuito de obter aprovação social.
Nesse sentido, a conquista amorosa está muito próxima de outros tipos de conquistas (profissional, financeira, social etc), e é, portanto uma forma de auto-afirmação, de se alcançar um determinado status frente ao grupo social.
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Um caso interessante que exemplifica bem esse tipo de situação é a história contada no filme "Um lugar chamado Notting Hill". Nesse filme, a personagem Anna Scott, uma famosa atriz americana, sente-se atraída pelo dono de livraria inglês William Thacker.
Entretanto, confusões, disparidades de interesses e de estilos de vida e especialmente incompatibilidades de status social irão permear o conturbado romance.
Ao que parece, é justamente a aparente impossibilidade de se relacionar com um "simples mortal" que atrai Anna para junto de William, a despeito de todas as dificuldades que tem para manter seu romance distante dos olhos implacáveis da mídia.
Entre idas e vindas, o que parece atrair ainda mais o casal é justamente a dificuldade que têm para estarem juntos. A paixão é fortalecida pelos obstáculos, exatamente como explicado anteriormente.
Ao final, os personagens acabam ficando juntos, obviamente, já que se trata de uma comédia romântica, mas sabemos que a vida real não é assim tão generosa.
Em geral, o que se vê cotidianamente é que, muitas vezes, a insistência em se conquistar alguém tem prazo de validade, determinado (paradoxalmente!) pelo momento em que o outro decide "dar uma chance" às investidas. Depois que se vislumbra a possibilidade de realmente estar ao lado do objeto de desejo (e, portanto, o prêmio no "jogo do amor" está assegurado), o desafio acabou e, junto com ele, a motivação.
Pensando-se essa questão em termos comportamentais, creio que é possível afirmar a existência de um reforçamento intermitente ao comportamento de conquista. Afinal, só continuamos insistindo em conquistar alguém a partir do momento em que essa pessoa nos dá pelo menos um "sinal"de que nossas investidas podem levar a algum lugar (é claro que há exceções, mas em geral é isso que ocorre).
Complemente a sua leitura:
Por fim, é necessário fazer uma ressalva: por mais que se tenha determinados padrões comportamentais com relação à paixão, há que se levar em conta que cada indivíduo é único, e portanto experimentará esse sentimento de um modo próprio.
O problema está quando não a pessoa não reconhece o limite de sua investida e não respeita o objeto amado (pessoa pela qual está apaixonada) podendo ocorrer o ciúme doentio ou como chamado o ciúme patológico, também conhecido como o "ciúme de Otelo".
Os comportamentos destas pessoas são basicamente:
- Telefonar inúmeras vezes por dia e não aceitar que o outro não o atende (independente do motivo)
- Implicação com roupas, modo de se vestir e de se maquiar (mulheres)
- Interrogar sobre o passado muitas vezes para pegar contradições
- Seguir as pessoas
- Passar horas parados na porta da residência ou do trabalho para visitar secretas ou saídas não informadas
- Checam ligações e mensagens no celular do parceiro
- Interrogação a amigos, parentes e porteiros para saber se a pessoa saiu ou recebeu visitas
- Fazem juras de amor sem aceitar o quanto são egoístas
- Andam ao lado da pessoa na rua, observando para onde ela dirige o olhar
- Não permitem que seus parceiros participem de atividades sociais em que não esteja presente a ponto de proibirem ou ameaçar com término de relacionamento
E em casos mais sérios fazem ameaças de suicídio, de agressão ao parceiro e podem chegar a matar a vítima.
Ao perceber pequenos comportamentos de Ciúmes ao ponto de pensar que a pessoa é possessiva é a solução na maioria das vezes, em outras, tratamento psicoterápico com psicólogo ou psiquiatra é o caminho.