Psicoterapia Cognitiva - Entrevista com Cíntia Gemmo Vilani
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Psicoterapia Cognitiva - Entrevista com Cíntia Gemmo Vilani

Entrevista sobre Psicoterapia e como a Terapia Cognitiva pode ser aplicada na terapia de indivíduos. Conheça a Psicoterapia e a Terapia

Qual a diferença entre psicoterapia e psicoterapia cognitiva?

A psicoterapia é um tratamento baseado na aplicação de técnicas psicológicas derivadas de um modelo teórico-prático, em específico, que investiga a interrelação dos aspectos biológicos, comportamentais, emocionais e sociais do funcionamento humano com a finalidade de promover melhor qualidade de vida por meio da utilização de métodos e técnicas que proporcionem ao paciente explicação, alívio das angústias, tomada de soluções eficazes e resoluções de problemas.

A psicoterapia cognitiva é um sistema de psicoterapia fundamentado no modelo teórico-prático da Terapia Cognitiva (baseada na noção de esquemas e crenças cognitivas que são construídos durante o desenvolvimento humano e que filtraria as percepções do paciente a partir das experiências relevantes de vida), que integra o modelo cognitivo de psicopatologia e um conjunto de métodos e técnicas de avaliação, planejamento, intervenção, monitoramento e manutenção de ganhos.

O princípio básico da Terapia Cognitiva é de que são as interpretações das situações, e não uma situação em si, que determinam as respostas emocionais e comportamentais.

Por exemplo, um jovem que programe uma viagem à praia e liga para os amigos para combinarem uma data, durante o dia, tenta ligar para um amigo que não atende o telefonema, este jovem pode pensar "Ele não atende minhas ligações, acho que não quer mais se envolver comigo", a emoção sentida por este seria de tristeza e provavelmente desistiria de ligar.

Assim como ele pode pensar "Será que está chateado comigo? Será que saí com alguém que ele estava a fim?", a emoção seria de angústia e tentaria falar com outros amigos para descobrir a verdade ou então "Ele é desligado mesmo, acho que saiu e esqueceu o celular, vou tentar mais tarde", a emoção seguiria inalterada e o comportamento seria de ligar mais tarde ou tentar avisar por outro amigo.

Quando teve início essa prática de terapia?

A Terapia Cognitiva surgiu durante a década de 1950 quando Aaron Beck, psicanalista e professor de Psiquiatria da Universidade da Pennsylvania, em Philadelphia, resolveu conduzir pesquisas científicas que comprovassem o modelo psicanalítico para o tratamento da depressão.

Em suas investigações e observações clínicas, observou que a depressão seria um reflexo dos padrões negativos de processamento de informações, que expressavam um pessimismo do indivíduo contra si, contra a sociedade e em relação ao futuro. Ao contrário da teoria psicanalítica, Beck afirmou que o pessimismo não era um sintoma, mas desempenhava uma função central na instalação e manutenção da depressão aliado a uma rigidez de pensamento e distorção da realidade por um viés negativo, sendo esta decorrente de como o indivíduo processava as informações (esquemas e crenças cognitivas).

Beck formulou um modelo cognitivo da depressão e a publicou no livro Depressão: Causas e Fundamentos em 1967. A Teoria Cognitiva começou a ser difundida mais expressivamente em 1977 com o lançamento do Journal of Cognitive Therapy and Research e com a série de publicações feitas por Beck, principalmente pelo lançamento de seu livro "Terapia Cognitiva da Depressão" em 1979, sendo a obra de referência da Terapia Cognitiva e a mais citada na literatura especializada.

Quais são as facilidades e dificuldades mais encontradas nesse tipo de abordagem?

As facilidades da psicoterapia nesta abordagem devem-se ao caráter estrutural (planejamento do tratamento é construído junto com o paciente durante as primeiras sessões, em que se constrói uma lista de metas a serem alcançadas), ao caráter colaborativo (cabe ao paciente se conscientizar e querer uma mudança e ao terapeuta proporcionar tal mudança), ao caráter psicoeducacional que inclui identificação ativa, desenvolvimento, construção e aperfeiçoamento das habilidades do paciente a fim de ensiná-lo a tomar decisões e resolver problemas de forma adequada, ao caráter focal da terapia (focada nos problemas e não nas queixas), ao caráter diretivo (a terapia trabalha com o aqui - agora e não com o passado) e à eficácia dos instrumentos e técnicas utilizadas, visto que todas têm eficácia comprovada por meio de estudos científicos validados.

As dificuldades de se trabalhar na psicoterapia cognitiva, devem- se ao fato de estar a menos de duas décadas presente na realidade brasileira e assim não ser tão conhecida, sendo alvo da falta de conhecimento por alguns profissionais da área da saúde.

Esta falta de saber gera uma série de preconceitos contra a Terapia Cognitiva, pois, pelo seu caráter estrutural, colaborativo, psicoeducacional, focal, diretivo e comprovado cientificamente proporciona um tempo menor de tratamento psicoterápico que é analisado por alguns como uma terapia superficial, fácil, baseado somente em testes e mudanças de comportamentos que deslocariam o sintoma de lugar, não proporcionando a sua solução, e que tal estrutura impediria a espontaneidade no processo terapêutico.

Quais são as razões de procura mais comuns que envolvem a psicoterapia cognitiva?

A psicoterapia cognitiva é buscada mais por pacientes com problemas emocionais e de ansiedade, tais como a depressão, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), fobias, ataques de pânico e hipocondria.

Nos últimos anos aumentou também a procura por tratamentos de transtornos alimentares e dependência química. O tipo de tratamento se modifica de acordo com a queixa, podendo ser psicoterapia individual (tanto de adulto quanto infantil), terapia de casal ou terapia familiar.

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Redação IS

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