O ato de prestar cuidados assistenciais, independente das diversas conceituações, implica em um ato de cuidar, ou seja, de prestar serviços de assistência básica à saúde. É uma atividade complexa que articula as dimensões éticas, psicológicas, sociais e demográficas levando em consideração os aspectos clínicos, técnicos e comunitários.
O nível de exigência e as demandas do cuidador podem ser avaliados e investigados, podendo assim indagar o nível da qualidade de vida destes. Em minha prática, quando se trata de idosos é comum encontrar ou o cuidador-remunerado (sem laço de parentesco) ou cuidador-leigo, ou ainda o cuidador-terceiro, também conhecido como acompanhante terapêutico.
Com pessoas com deficiência física o mais comum é ter um grupo de cuidadores, sendo um cuidador-principal (responsável financeiramente), um cuidador-familiar e um cuidador-remunerado (com ou sem laço de parentesco) dependendo da situação financeira.
O mesmo não ocorre com as famílias de pessoas com deficiência mental, geralmente, elas possuem um cuidador-principal, responsável não só financeiramente, mas pelo acompanhamento aos tratamentos, e que dependendo do local em que este cuidador trabalhe, também conta com um cuidador-terceiro ou cuidador-leigo para levar às consultas médicas. É comum que as crianças e jovens com deficiência mental passem a maior parte do dia em instituições de reabilitação.
Diversas pesquisas tem apontado que quando o cuidador se envolve com grande rigor em tarefas complexas e consegue bons resultados para a pessoa assistida, pode-se afirmar que este cuidador, deixa de se preocupar com o grau de seu comprometimento físico e psicológico, seguindo a tendência de negar a si próprio em favor do outro, negligenciando a sua qualidade de vida.
O cuidado excessivo com um membro familiar, com deficiência mental, pode ser um sinal de superproteção. O conceito de superproteger está relacionado à presença constante e íntima com uma pessoa e estar sempre fazendo algo em favor e para esta. Porém, para as pessoas com deficiência mental que possuem dificuldade para desenvolver a sua própria autonomia por conta das limitações impostas pela deficiência, a superproteção permite que o cuidador gaste todo o seu tempo e energia com a criança, podendo ocasionar os seguintes problemas:
- negligência do cuidador para com a sua própria vida;
- privação inconsciente de contato social da pessoa com deficiência mental pelo cuidador;
- a pessoa com deficiência mental tem dificuldade de tornar-se independente;
- o cuidador pode esgotar-se emocionalmente e fisicamente, tornando-se incapaz de continuar exercendo;
- o seu papel com consequências difíceis de serem confrontadas pelo membro com deficiência;
Assim, dependendo do estado de saúde, dos fatores individuais e situacionais do cuidador, este poderia sentir e vivenciar as mesmas experiências que o membro com deficiência assistido, sentindo emoções que pode ocasionar angústia e ansiedade.