O que é Depressão na Infância e Adolescência?
Nos últimos 50 anos, tem se observado uma modificação na abordagem da depressão infantil. Até recentemente, acreditava-se na inexistência de quadros depressivos em crianças devido à imaturidade psíquica.
Atualmente, a depressão na infância e adolescência é considerada comum, recorrente e com impacto negativo no funcionamento social, acadêmico e familiar, além de poder se estender até a vida adulta.
Segundo dados recentes, a depressão é encontrada em 2% das crianças em idade escolar e 5 a 8% dos adolescentes.
A Depressão na Infância e Adolescência acomete em igual proporção meninas e meninos, diferente da faixa etária adulta, onde ocorre maior prevalência no sexo feminino. O quadro clínico é heterogêneo, com diferentes manifestações de acordo com a fase de desenvolvimento da criança.
Na fase pré-verbal, ocorrem manifestações não verbais como expressão facial triste e postura corporal rígida. São comuns a inquietação, retraimento, choro frequente, recusa alimentar, perturbação do sono e apatia.
Na fase pré-escolar, predominam queixas de dor abdominal e cefaléia, fisionomia triste, inquietação e diminuição do apetite pode ter relação com a depressão na infância.
Podem ocorrer:
- agitação,
- hiperatividade,
- ansiedade,
- alteração do sono,
- agressividade e perda de habilidades previamente adquiridas, como a regressão de linguagem,
- ressurgimento da enurese.
Na fase escolar, há tristeza, choro, apatia, voz monótona e sofrida, referências como "sou tonto", "sou ruim mesmo", são comuns.
O humor predominante, no entanto, é irritável e instável, sendo comum crises de birra, desobediência e problemas de conduta.
Na adolescência, observa-se maior irritabilidade, instabilidade e agressividade, sendo comum crises freqüentes de explosão e raiva, maior consumo de álcool e drogas e problemas com a lei.
Observa-se, ainda, perda de energia, aumento de sono e apetite, lentidão psicomotora, sentimento de desesperança e culpa, além de isolamento e dificuldade de concentração.
Na depressão, nesta faixa etária, é comum a ocorrência de outros transtornos associados como a ansiedade de separação, transtorno de conduta e uso abusivo de álcool e drogas.
O tratamento deve ocorrer tão logo seja diagnosticada a depressão devido à recorrência e ao prejuízo psicossocial.
Este se baseia no enfoque biopsicossocial que inclui psicoterapia, uso de medicação, avaliação e planejamento educacional.