O paracetamol (Tylenol) é uma das drogas mais vendidas em todo mundo e diversos casos de intoxicação com desenvolvimento de hepatite, inclusive na forma fulminante, que caracteriza-se por uma alteração aguda e grave da função hepatocelular secundária à Toxicidade induzida por altas doses do medicamento. Tem um início rápido e segue um curso curto e severo.
O paracetamol e suas associações são vendidos sem prescrição médica. Por sua eficácia comprovada como analgésico e antitérmico e pela baixa incidência de efeitos colaterais, tornou-se a droga de escolha em crianças e adultos que têm queixas gastrointestinais.
A toxicidade é dose dependente e níveis séricos acima de 300ug/ml, 4horas após ingestão, estão associados a hepatite fulminante em 90% das vezes.
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O total da dose administrada, quando conhecida, também auxilia na avaliação prognóstica. Doses abaixo de 150mg/Kg raramente levam às formas mais graves de hepatite.
Os sintomas iniciam-se logo após a ingestão do paracetamol. Náuseas, vômitos e dor abdominal são comuns e tendem a melhorar em algumas horas. Alguns casos podem gerar coma.
Após 48 horas podem aparecer: aumento progressivo de bilirrubinas com icterícia(amarelão), aumento do tempo de protrombina culminando com fenômenos hemorrágicos e alterações do sensório caracterizando a falência hepática fulminante.
A mortalidade descrita está entre 6 e 25% e fatores que indicam mau prognóstico são nível de bilirrubina > 4mg/dl e tempo de protrombina acima de 60 segundos, que continua aumentando depois do terceiro dia de doença. A hipoglicemia é um achado tardio que reflete a gravidade da disfunção hepática.
Complemente a sua leitura:
A maioria dos pacientes jovens se intoxicam ao ingerir o paracetamol na tentativa de cometer algum tipo de atentado contra a própria vida. Nos EUA, já é a droga mais usada com este propósito.
O termo hepatite fulminante refere-se "a condição potencialmente reversível, em conseqüência de dano hepático severo, com um início do quadro de encefalopatia dentro de 8 semanas após o aparecimento dos primeiros sintomas e na ausência de doença hepática pré existente", ou seja acomete pessoas normais, sadias e que passam pelo uso indiscriminado de uma substancia.
A recuperação espontânea da função hepática é de 70% na encefalopatia hepática graus I e II, e menor que 20% nos graus III e IV. A mortalidade se aproxima de 80% sem o transplante hepático. Os resultados do transplante são excelentes em centros experientes, atingindo sobrevida de 90% em 1 ano.