Desde o momento em que o homem resolveu viver em grupos, conflitos de comunicação, de relacionamento interpessoal dentre outros começaram a existir. O comportamento humano sempre foi pesquisado por conta da infinita subjetividade e pelo modo de enfrentamento diante de diversas situações, porém, o conviver em grupo trouxe inúmeras questões a serem discutidas.
Uma delas trata-se das convenções sociais, independente se somos latino-americanos ou europeus, cristãos ou budistas, pobre ou rico, todos somos afetados pelos padrões morais e éticos de comportamento da qual a sociedade impera.
Tirando algumas diferenças culturais e religiosas, a convenção social mais exigida diz respeito ao comportamento do qual um profissional deve portar. Vejamos um exemplo, dentro da graduação diversas brincadeiras existem sobre "como adivinhar o curso daquele fulano", ao observamos um homem de terno ou uma mulher de tailleur... hum, "com certeza faz Direito", ver alguém de "olhinhos puxados"... hum é da área de exatas e aqueles carregando um jaleco? Ah, só pode ser da Medicina, certo?
Pois bem, este julgamento atrelando o vestuário à profissão, permeia o julgamento que a sociedade possui em relação aos comportamentos deste profissional. E estas convenções sociais por muitas vezes são empecilhos para homens e mulheres cuja atitude natural distingue-se do padrão esperado à determinada profissão.
Já dizia o filósofo Epicteto "as crenças socialmente aprendidas não costumam ser confiáveis (...) muita gente declara com toda sinceridade que faz questão de manter a sua própria integridade, mas ao mesmo tempo assume atitudes irrefletidas (...) muitas sabotam seus esforços mais bem-intencionados por não enfrentarem sua verdade nem articularem um código moral próprio e coerente para pautar suas futuras ações.
Dessa forma podemos dizer que as pessoas que tentam uma mudança de comportamento forçado a fim de enquadrar-se em um padrão comportamental, convencionado socialmente, corre um sério risco de desenvolver pensamentos de inadequações e de incapacidade.
Um profissional, sob pressão constante de seu chefe ou diretor a ter determinadas posturas diante de um cliente pode, por exemplo, durante um almoço de negócio, em restaurante requintado possuir pensamentos de que está sendo julgado ou criticado pelos garçons e por pessoas ao redor assim como ao falar em público pode possuir pensamentos de incapacidade "aquela mulher está me encarando, devo ter falado alguma palavra errada e de inadequação "as pessoas estão olhando para mim, devo estar com a roupa suja Se estes pensamentos foram constantes o profissional pode desenvolver a fobia social.
Até o início do ano 1980, a fobia Social era analisada como um tipo de transtorno de ansiedade, sendo foco de pesquisa sistemática pela Associação Psiquiátrica America (APA, 1980 e 1987) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 1992).
Somente em 1994, a APA definiu a fobia social como sendo um "tremor pronunciado e persistente diante de uma ou mais situações sociais ou de atuação em público nas quais a pessoa se vê exposta a desconhecidos ou ao possível escrutínio por parte dos demais. O sujeito teme agir de alguma maneira (ou mostrar sintomas de ansiedade) que possa ser humilhante ou embaraçosa (APA, 1994, p. 416).
Os profissionais com fobia social tentam evitar ao máximo possível situações de negócio em que necessitam marcar encontros, freqüentar festas sociais, falar com pessoas que detenham algum tipo de poder/autoridade, fazer contato visual com pessoas desconhecidas, falar ou se alimentar em público dentre outras atitudes de exposição física.
Estas situações rotineiras acarretam sintomas físicos desconfortantes, tais como tremores de mãos, palpitações, sudorese, tensão muscular, sensação de vazio no estômago, boca seca, calafrios (seja pelo frio ou pelo calor), ruborização e dores de cabeças.
O tratamento da fobia social por meio da psicoterapia cognitiva é a mais conhecida e reconhecidamente eficaz. Baseia-se inicialmente em técnicas de respiração e relaxamente para que o paciente reconheça o corpo como extensão de sua mente e do qual é possível controlar, seguido por mudanças de crenças sociais que resultaram em mudanças de comportamentos.