No primeiro artigo do ano, descrevi a importância da autoestima para a realização de projetos, sinalizando o quão importante é o exercício diário do autoconhecimento, a fim de que nossas percepções a cerca de nossos limites e limitações sejam verdadeiras, não demasiadamente otimistas e nem exacerbadamente pessimistas.
No início do ano é rotina esquematizar nossos planos e idealizações, caminhando em um ritmo um pouco mais lento e projetando o início do ano para valer após as festividades carnavalescas. Porém, seria importante habituarmos nessa primeira fase do ano a ter um pensar crítico e traçarmos rotas e caminhos baseados em nossos limites para que adiante não caiamos no erro de transformá-los em limitações.
Lembro-me de ouvir um palestrante dizer que confundir limites e limitações é uma verdadeira armadilha para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional. E de fato, se não tivermos em mente que o limite é a representação de um ponto máximo a qual podemos alcançar, e que tal ponto é baseado nos nossos esforços atuais, a gente corre o risco de cristalizar um potencial que está em contínuo processo de desenvolvimento.
Por exemplo, o meu limite atual de corrida no parque é 3 km diários, isso porque faço um programa de treinamento com o objetivo de ter uma melhor qualidade de vida, mas isso causa uma limitação óbvia: não poder correr a maratona da São Silvestre. Um amigo meu, pelo contrário, corre 15 km diários, pois, o programa de treinamento dele tem como finalidade proporcionar a participação dele em diversas maratonas pelo Brasil. Se eu tivesse o mesmo objetivo, re-avaliaria o meu programa de acordo com o meu objetivo, e assim diariamente iria ampliando o meu limite de corrida.
No cotidiano de uma empresa ou de um escritório, corremos o perigo de sentir aquela pontinha de ciúme pelo nosso colega que se destacou ou então, sermos vítimas de colegas que se sentem injustiçados diante dos elogios do chefe ou de promoção.
Isso acontece em todos os ambientes corporativos e até mesmo em comparações familiares, pois, é muito comum a confusão de ter eficiência versus ser eficaz, justamente por conta da percepção pessoal dos limites e das limitações vividas.
É importante ter em mente que eficiência é um processo, é um fazer comprometido com qualidade, com competência, exigência e perfeccionismo, ou seja, ter eficiência é ser conhecedor dos limites pessoais e materiais, as quais se tem em mãos e, trabalhar por meios dos recursos oferecidos dentro deste limite.
Muitos profissionais se destacam e há aqueles que são conhecidos como bons profissionais. Qual a diferença entre eles? O bom profissional é aquele que trabalha com eficiência, conhece o seu limite e trabalha somente em cima daquilo que conhece ou que tem à disposição, ou seja, é uma pessoa que trabalha com sua limitação, pois, a limitação é um limite cristalizado, um limite considerado definitivo e que, de maneira distorcida, afeta não só a área profissional como todas as demais.
Bons profissionais possivelmente possuem falas em seu ambiente social e familiar de que não acredito nessas descobertas, é melhor ficar no arroz com feijão, o ser humano existe há milhões de anos e sempre se comportará da mesma maneira ou ainda não adianta falar com meu chefe, sabe, eu sei que ele não pensa como eu e nem vai ouvir minha opinião.
O profissional de destaque é aquele que trabalha com eficiência, mas também é eficaz, ou seja, o seu resultado é de lucro, revela qualidade profissional e tem como retorno a satisfação como excelência pela gerência. Mas isso só é possível porque ele não trabalha com suas limitações, mas reconhece o seu limite e tenta superá-lo, ampliando seu conhecimento, estudando e buscando conhecimento superior a ele, por meio de cursos técnicos, de aprimoramento, MBA e por programas de pós-graduação (latus sensus e stritu sensus).
Por isso tenha em mente que só há limitações concretas quando deixamos de tentar todos os caminhos que poderíamos trilhar para superar nossos limites e quando encontrados, não permita que eles se generalizem e exerçam controle sobre as demais áreas de sua vida.
Todos temos limites e algumas limitações, mas nosso desafio está em desenvolver um postura otimista diante deles. Lembre-se que grandes homens e mulheres foram pessoas com enormes dificuldades (você sabia que o ex-presidente americano Franklin Roosevelt contraiu poliomielite aos 39 anos e utilizava a cadeira de rodas?), entretanto, transformaram a limitação em mais um limite a ser superado, por isso não se esqueça: não transforme limite em limitação.
Cíntia G. Vilani - CRP 06.87473
Psicóloga e Psicoterapeuta Cognitiva
Especialista em Deficiência Mental
Mestranda em Psicologia Clínica pela PUC/SP