Tarde de sábado, ou pode ser domingo, não importa o dia. Só sei que faz muito frio. Ou muito calor. Nas ruas, só quem realmente precisa sair ou quem não tem onde morar. Nós, no nosso canto aconchegante, coração vazio e um desejo de encontrar com quem conversar, com todo este frio, ou este calor, se valesse a pena... É que somos exigentes! Não conversamos com qualquer um! Quando vamos amadurecendo, não é com qualquer pessoa que nos relacionamos. Não falamos nossos segredos pra quem não compartilha as mesmas idéias. E aí, vamos nos distanciando uns dos outros. Têm horas em que começamos a nos questionar, quanto tempo de vida útil ainda temos! Sim, porque antes envelhecíamos e servíamos como avôs ou avós.
Hoje, só nos sentimos úteis se ainda temos tempo para um relacionamento amoroso, um mestrado, um doutorado. As coisas mudaram! Até achamos bom! Somos muito afetivos. E pensar que ainda temos chance pra tudo isso, nos dá um ânimo a mais. Bem que queríamos uma casinha com lareira ou uma varanda com uma rede! Um vinho para aquecer nosso coração ou um sorvete e alguém para, pelo menos, chamarmos de amigo! Alguém pra ouvir nossos segredos, discutir coisas simples como um filme sobre Pablo Neruda, uns versos de Mário Quintana ou até uma música do grupo Ira é tão simples o que desejamos!
Bom, não falamos isso porque estamos em desespero. Não! É só um desejo. Temos muitas vezes, a solidão como companheira e ela não fala. O pior de tudo é que ela não fala! Mas que bom que existe o computador. Podemos escrever uma crônica, um e-mail para um amigo invisível... É uma saída... Mas de qualquer maneira, nos sentimos órfãos. Que tal comprarmos um carro? Com ele poderíamos sair, ver paisagens, pessoas andando sem compromisso pelas ruas, seguir por estradas sem fim... É isso! Vamos dar um jeito de dizermos adeus à solidão! Será?