"Se (ensinar a pensar) não é possível, e o tentamos fazer, talvez estejamos a desperdiçar algum tempo e esforço.
Se é possível,e nós não o tentamos,o custo inestimável serão gerações de alunos (futuros profissionais) cuja habilidade para pensar de modo eficiente será menos do que aquilo que poderia ter sido". Nickerson, R.S., Perkins,D.N.,Smith,E.E.(1985),The Teaching of Thinking New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates.
O presente artigo constitui um esforço de relevo sobre o tema, pois ao abrir caminho para educação cognitiva como resposta válida e credível para responder aos problemas de habilidades sociais, fornece pistas teóricas e práticas de grande utilidade para quem no seu quotidiano lida com ser humanos que utilizam a sua cognição para aprender a viver.
A Terapia Cognitiva Comportamental é uma das abordagens que tem demonstrado grande êxito pelos resultados obtidos no tratamento dos mais variados transtornos e patologias clínicas.
Sua base teórica trata da compreensão dos processos cognitivos e sua rede de significados que são propiciados por meio da percepção, seleção e significação das informações provenientes do meio externo.
É desse modo que cada indivíduo tem sua interpretação da "vida" de um modo único e idiossincrático.
Na trajetória de sua história de vida cada indivíduo enxerga o mundo ao seu modo e este modo de enxergar é pautado em "crenças" que nada mais são que "valores" que os indivíduos constroem através de suas experiências na sua trajetória de vida.
Fundamentados sob esta condição nas concepções cognitivistas exibiram as mais diferenciadas ferramentas de ajustes cognitivos como os registros de pensamentos disfuncionais (J.Beck,1997), as técnicas de reestruturação cognitiva (Beck e Freeman,1993), o processo de identificação das crenças irracionais (Ellis,1988) assim como a prática da correção ou substituição dos padrões disfuncionais em padrões mais funcionais do pensamento.
Nickerson (1985, cit.in Beltrán,Moraleda,Alcañiz,Calleja e Santiuste,1990) afirma mesmo que o ensinar a pensar ou treino cognitivo não só de ser um objetivo educativo legítimo como deve constituir um verdadeiro imperativo,pois,como refere,é difícil imaginar "uma meta educativa mais importante do que o ensinar e aprender a pensar de um modo mais efetivo quando a Humanidade padece de múltiplas ameaças causadas por comportamentos irracionais" (Vitor da Fonseca e Victor Cruz,2002).
Neste sentido o conhecimento foi aceito como representação direta do mundo exterior, cabendo ao terapeuta (profissional da área da saúde) auxiliar o paciente entender e se ajustar ou aperfeiçoar aos padrões mais condizentes com a realidade social estabelecida.
Agindo dessa maneira, o terapeuta sabe aquilo que é melhor para seu paciente. Isto se explica porque ao pensamente foi atribuído um caráter determinante e, à sua disfunção a diversas psicopatologias. Quanto às emoções intensas, figuras indesejáveis ao bem estar humano restou-lhes unicamente o controle.
A destreza e o manuseio pelo paciente dos diferentes modos de entender a realidade fez com que, em certo sentido, o organismo fosse entendido como passivo às interferências do meio,devendo então se curvar e, face aos eventuais erros do pensamento,exibir maior adequação.
O objetivo da compreensão da teoria cognitiva comportamental não é de interpretar ou uma tentativa de criar uma teria de leis gerais sobre o funcionamento da psique humana,mas levantar hipóteses gerais de como o indivíduo construiu a sua realidade,analisando os padrões de pensamento gerados por estas crenças, que, quando inadequadas ou disfuncionais,podem vir a criar sofrimento para o ser humano.
Através das técnicas cognitivas propõe-se, a mudança dessas crenças e, como conseqüência sobrevém o alívio do sofrimento seja ele emocional, físico ou orgânico.
Concluindo: Muitos pensamentos considerados "corretos e verdadeiros" podem refletir percepções distorcidas da realidade e podem ser indícios de dificuldades em lidar consigo, com o mundo e com o futuro.
Importante para todo e qualquer terapeuta da área da saúde é sua habilidade de relacionamento, tanto com o paciente quanto do profissional, são variáveis altamente relevantes no estabelecimento desta nova relação, determinando significação à probabilidade de resultados benéficos ou distintivos.
Considerando que a aliança é, ao mesmo tempo,interpessoal e interativa a habilidade e a história passada não só do paciente,mas também do terapeuta, podem desempenhar um papel desempenhar um papel nesta configuração.
E em sendo assim todo e qualquer terapeuta da área da saúde com formação teórica cognitiva comportamental terá probabilidade de exercer sua profissão com excelência. Dra.Cleomar Landim de Oliveira